Historiafato
Pela minha contagem, segundo ano que o governo de
Brasília silencia o carnaval das escolas de samba que a gente acostumou a ver e
a ir, desfilar; começaram deslocando novamente do espaço ideal, espaço chamado
ceilambódromo para lugar nenhum, lugar agora de um silencio de comunidade negra
envolvida, essa que deve fazer jus a uma decepção nos corpos protestando,
reclamando, contra algo que vai justamente contra a falada diversidade de
acontecimentos na rua que some aos tradicionais. Mas não, uma coisa é slogan de
governo outra coisa é a realidade. Visitei a praça do D.I, Taguatinga e percebi
um espaço asfixiado e delimitado para os blocos passarem o grupo de tambores no
chão, enquanto uma banda aparelhada aguardava sobre o palco apresentação que
achei literalmente sem o Axé, o bloco Asé Dudu é um bloco antigo merece todo o
respeito. O carnaval se for bloco sincero é preciso desfilar pela avenida e não
ficar restrito em um curral. Tem de estar disposto a escrever, brigar por isso
e sair das camisas de forças institucionais. Sejamos subversivos ao menos em
fevereiro. O carnaval é para gente brincar e chapar. Não para tocar na festa da
cidade como um acordo firmado? É em fevereiro. Quem manda em carnaval não era
pra ser governo. Quem manda em carnaval é energia de gente. No Plano Piloto fui
ao bloco concentrado no setor bancário, muito monocolor no bloco, vendedores
brancos empurrando o carrinho de vendas sobre o visitante. Aproveitaram todos
os acontecimentos para boicotar o carnaval de escola, quando não era a oposição
tradicional de grupos religiosos. Esse ano foi o mosquito com três vetores que
transmitiam vírus e insegurança para beijar. Em todas as entrevistas na tv o
mote é ser o carnaval da segurança e da limpeza. Tudo mentira porque as
posturas dos corpos quando se depara com foliões diferentes é fobias e
repulsas. Já não basta enredo que endossavam companhias e governos, agora
contra a festa mosquito de três qualidades, os cones da secretaria de
segurança, giroflex toda hora, tambores no chão; o palco de aço, estrutura
alta, uma banda branca, um palhaço sem graça, musica sem gás. Como nada é novo,
somos a pirraça disso tudo, existimos. Será que todxs estamos de passaporte
comprado, o governo, as pessoas, e os defensores de governo? Viajamos pra longe
e pra perto, de modo que distanciamos das principais questões do mundo pop
negro. Quem quiser ficar eu fico, mas não fecho o bico.
Dilmar Elemento Preto