O
Administrador negro e a diversidade.
Autores:
Dilmar Durães e Rafael dos Santos-
Coletivo Elementos Pretos.
No
discurso oficial de empresas públicas e privadas diversidade é inclusão e
valorização das diferenças raciais e de gênero, com o compromisso de promover
políticas na tentativa de equilibrar as relações de poder. Especialmente
empresas públicas que se auto classificam como inclusivas e cidadãs proferem
discursos oficiais em favor de grupos raciais historicamente discriminados.
Na
realidade das empresas públicas e privadas, a diversidade se transforma em um
discurso inoperante de construção da equidade. Uma vez, que continuam sendo
ambientes onde os empregados brancos se concentram nas áreas de mais prestígio
e maiores salários e os empregados negros, ainda que concursados são segregados
a espaços desvalorizados.
O
tema diversidade incomoda quando tratado pelas instituições, porque possui uma
gama de significados e o que gera na realidade é uma tentativa de homogeneidade
que exotiza o chamado “diverso,” forjando estratégias falaciosas de compreensão
das diferenças, como ocorreu com um
homem negro em uma empresa pública, em Brasília, recentemente.
Nesse
episódio a empresa pública possuía uma rica fala sobre a diversidade, mas a
realidade era outra, ocorre que um administrador de empresas negro, após prévia
aprovação em concurso público de provas e títulos, assumiu o cargo de
administrador de empresa e foi preterido pelo setor de auditoria. Um homem
negro em um dos setores mais privilegiados da empresa não seria aceito, e
sofreria com o racismo cotidianamente.
O
concurso previa uma formação interna, que só ocorreu seis meses após terem tirado o administrador negro do referido do
setor, durante esse tempo, ele sofreu assédio moral, com acusações de
incompetência, que sua presença incomodava o setor, de que macaco era um bicho
tão bonito, e o clássico das ofensas de cunho racial, a afirmação de que não se
enquadrava no quesito boa aparência. Ao tentar se defender com o democrático
argumento de que estava ali por merecimento, já que conseguiu ser aprovado no
concurso público, teve que ouvir que para o setor de auditoria, deveriam ter
cobrado “algo a mais”.
Em seguida o administrador negro foi
encaminhado para o setor de protocolo desempenhar funções de técnico, onde
permaneceu até ser encaminhados para o setor de gestão de pessoas onde continua
sendo exotizado apesar do discurso oficialesco de respeito a diversidade o que
leva a refletir que a diversidade necessita de gente que suporta gente.
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