terça-feira, 27 de outubro de 2015

 




O Administrador negro e a diversidade.
Autores: Dilmar Durães e Rafael dos  Santos- Coletivo Elementos Pretos.
No discurso oficial de empresas públicas e privadas diversidade é inclusão e valorização das diferenças raciais e de gênero, com o compromisso de promover políticas na tentativa de equilibrar as relações de poder. Especialmente empresas públicas que se auto classificam como inclusivas e cidadãs proferem discursos oficiais em favor de grupos raciais historicamente discriminados.
Na realidade das empresas públicas e privadas, a diversidade se transforma em um discurso inoperante de construção da equidade. Uma vez, que continuam sendo ambientes onde os empregados brancos se concentram nas áreas de mais prestígio e maiores salários e os empregados negros, ainda que concursados são segregados a espaços desvalorizados.
O tema diversidade incomoda quando tratado pelas instituições, porque possui uma gama de significados e o que gera na realidade é uma tentativa de homogeneidade que exotiza o chamado “diverso,” forjando estratégias falaciosas de compreensão das diferenças, como  ocorreu com um homem negro em uma empresa pública, em Brasília, recentemente.
Nesse episódio a empresa pública possuía uma rica fala sobre a diversidade, mas a realidade era outra, ocorre que um administrador de empresas negro, após prévia aprovação em concurso público de provas e títulos, assumiu o cargo de administrador de empresa e foi preterido pelo setor de auditoria. Um homem negro em um dos setores mais privilegiados da empresa não seria aceito, e sofreria com o racismo cotidianamente.
O concurso previa uma formação interna, que só ocorreu seis meses após terem  tirado o administrador negro do referido do setor, durante esse tempo, ele sofreu assédio moral, com acusações de incompetência, que sua presença incomodava o setor, de que macaco era um bicho tão bonito, e o clássico das ofensas de cunho racial, a afirmação de que não se enquadrava no quesito boa aparência. Ao tentar se defender com o democrático argumento de que estava ali por merecimento, já que conseguiu ser aprovado no concurso público, teve que ouvir que para o setor de auditoria, deveriam ter cobrado “algo a mais”.

            Em seguida o administrador negro foi encaminhado para o setor de protocolo desempenhar funções de técnico, onde permaneceu até ser encaminhados para o setor de gestão de pessoas onde continua sendo exotizado apesar do discurso oficialesco de respeito a diversidade o que leva a refletir que a  diversidade  necessita de gente que suporta gente.

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